Cap. 187
Já longe do prefeito e suas dúvidas, Cobra Traiçoeira caminha novamente rumo ao Elle com seu acompanhante.
Tex: — Como um índio conseguiu ser delegado? Você matou o xerife?
Cobra: — Se o xerife estivesse morto, eu seria o novo xerife.
Tex: — Há! Um índio xerife? Mais fácil nomearem o delegado sem arma.
Cobra sente a verdade na provocação e devolve: — Verdade. Mas, lembre-se que nem todo delegado anda desarmado. Eu tenho uma arma.
Tex o encara: — Coincidência, eu também tenho. Duas, aliás.
— Já de volta? – provoca Solomon, na entrada do Elle, interrompendo o duelo de testosterona.
Cobra: — Está entregue. Entre, durma e adeus.
Tex: — Por que a pressa, delegado índio? Entre, beba comigo, eu pago.
Apesar da tentação, Cobra Traiçoeira, vira as costas a caminha, uma vez mais, rumo à rua principal (e única).
Tex olha cínico para Solomon: — Que homem sem modos, não? E você, grandalhão, gostaria de um trago?
Solomon, gentil e distante: — Vou mostrar seu quarto, senhor. Me acompanhe, por favor.
Os dois sobem até os aposentos de Tex, que faz questão em declarar sua aprovação e voz alta: — Que maravilha. Quarto limpo, cama limpa. Só falta uma mulher limpa também, se é que você me entende.
O forasteiro pisca para Solomon que, mantendo a gentileza na voz, esclarece: — O senhor está pagando apenas pelo quarto limpo e a cama limpa. Aproveite bem os dois.
Antes que Tex pudesse protestar, Solomon continua: — O senhor veio com algum animal?
Tex: — Fora o índio?
O homem gargalha até perceber que está rindo sozinho, então responde: — Meu cavalo está no saloon.
Solomon: — Mandaremos buscá-lo, senhor. Tenha um bom descanso.
Sem nem perceber se Tex respondeu ou perguntou mais alguma coisa, o gigante negro se apressa até o quarto de Lucretia, que já o aguarda com a porta semiaberta: — E então?
Solomon: — Está no quarto. Agora, voltarei para meu porto e ficarei com um olho a porta dele.
Lucretia: — Obrigada, querido. Sei que posso contar com você.
Solomon: — Não gostei dele, senhora.
Lucretia se despede: — Está tudo bem. – ela fecha a porta e termina a frase, em voz baixa: — Ninguém nunca gostou.